Realmente não sei se os momentos que agora vivo
São mais felizes ou infelizes que os de antes,
Quando, preso nos teus braços como amantes,
Não se sabia qual dos dois era o mais cativo.
Voávamos enternecidos para os nossos recantos,
Inebriados de amor, ensandecidos, meio bobos,
Ao sorvermos simultâneos o nosso deleite de lobos,
A uivarmos aos céus, no gozo de tais encantos.
Réstias do que éramos, tantas imagens confusas
Vêm à mente, detalhes do teu corpo, dos teus pés
Que mos concedias dolente como deusa, como musa.
O palpitar dos teus seios, o sussurrar suave da tua voz,
O sabor dos nossos néctares, essência mesclada ao café,
São doces lembranças e para sempre guardadas em nós.
Canso Selvagem (Rui Moreira)
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