Talvez eu seja mesmo um incorrigível sádico,
Que, atento, se delicia em te ver sofrendo,
E, confesso, extasio-me ao ouvir-te gemendo,
A pedires-me que não pare neste momento mágico.
Delicia-me ver a tua boca rubra entreaberta,
Arfante, por entre os beijos que nela deposito,
E a balbuciar que me amas, em incontido grito,
Fazendo ressoar em mim o alarme de alerta.
Para atender os teus mais plangentes anseios,
Compenetro-me, mais ainda, em satisfazer-te,
Beijando os teus pés, tuas coxas, em puro deleite,
Mordiscando o teu pescoço, tua nuca, teus seios.
Mais e mais – então tu me suplicas, masoquista,
Enquanto me encaminhas para paragens distantes
Que só tu conheces, neste instante que, amantes,
Encontrados no infinito de nós dois, meros artistas
Ganso Selvagem (Rui Moreira)
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