De comportas abertas

Para mim, o Amor sempre foi um rio represado. 
Contido, limitado, aprisionado.
Nunca me permiti ir além das engessadas fronteiras e derrubar as intransigentes barreiras.
Tu chegaste e escancaraste as portas, abriste as minhas comportas, fizeste com que toda emoção jorrasse na tua direcção.
As águas paradas, viciadas e sem agitação finalmente galgaram uma nova e inédita sensação.
O que sempre foi idealizado, sonhado e esperado finalmente estava a ser realizado.
O rio libertou-se, gerou uma imensa corrente, sem ligar para nada à sua frente partiu célere e incontinente.
Desaguou pleno e por completo no teu mar, misturou-se às tuas águas, marés e ondas.
Mesclado a ti, perdeu-se para te achar, desmembrou-se para contigo se remontar e permitiu-se como só se faz uma vez em todas as vidas passadas e futuras, a plenamente Amar.
Ganso Selvagem (Rui Moreira)